sábado, janeiro 08, 2011

Nascimento último



Como se não tivesse substância e de membros apagados.
Desejaria enrolar-me numa folha e dormir na sombra.
E germinar no sono,germinar na árvore.
Tudo acabaria na noite,lentamente,sob uma chuva densa.
Tudo acabaria pelo mais alto desejo num sorriso de nada.
No encontro e no abandono,na última nudez,
respiraria ao ritmo do vento,na relação mais viva.
Seria de novo o gérmen que fui,o rosto indivisível.
E ébrias as palavras diriam o vinho e a argila
e o repouso do ser no ser,os seus obscuros terraços.
Entre rumores e rios a morte perder-se-ia.

António Ramos Rosa

Imagem retirada do Google

2 comentários:

Fatyly disse...

Tudo acabaria na noite,lentamente,sob uma chuva densa.
Tudo acabaria pelo mais alto desejo num sorriso de nada.
...........
Realmente...e com um final ainda mais soberbo. Não conhecia e li e reli:)

Beijocas

Paula Raposo disse...

Depois desta maravilha que poderei eu dizer?!
Nada.
Beijos.