quarta-feira, maio 12, 2010

Amigo



1.
Amigo, toma para ti o que quiseres,
passeia o teu olhar pelos meus recantos,
e se assim o desejas, dou-te a alma inteira,
com suas brancas avenidas e canções.

2.
Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este inútil e velho desejo de vencer.

Bebe do meu cântaro se tens sede.

Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este desejo de que todas as roseiras
me pertençam.

Amigo,
se tens fome come do meu pão.

3.
Tudo, amigo, o fiz para ti. Tudo isto
que sem olhares verás na minha casa vazia:
tudo isto que sobe pelo muros direitos
- como o meu coração - sempre buscando altura.

Sorriste - amigo. Que importa! Ninguém sabe
entregar nas mãos o que se esconde dentro,
mas eu dou-te a alma, ânfora de suaves néctares,
e toda eu ta dou... Menos aquela lembrança...

... Que na minha herdade vazia aquele amor perdido
é uma rosa branca que se abre em silêncio...

Pablo Neruda

Imagem retirada do Google

3 comentários:

Fatyly disse...

Este não conhecia e adorei! Que belo poema!

Beijocas e um bom dia

Paula Raposo disse...

Belíssimo poema de entrega!
Beijos.

José Sousa disse...

Gostei imenso do blog e do que escreves. Vou seguir o seu blog. Conheça os meus em: www.congulolundo.blogspot.com
www.queriaserselvagem.blogspot.com

Um abração