segunda-feira, maio 17, 2010

A hora das gaivotas



Nas dunas efémeras
por onde se espraia o vento
escondem os óculos fumados
e outras inventadas protecções da cútis frágil
em trincheiras escavadas por defesa
como se a luz forte
lhes calcinasse o perfil.

Quando por fim
chega a hora das gaivotas
que se acercam cautelosas
em calculada ironia circunspecta
um riso escarninho parece persistir
na praia intensamente deserta.

Manuel Filipe in "Medusa", pág.37, Edição do Autor

Imagem retirada do Google

3 comentários:

Paula Raposo disse...

Eu gosto imenso da praia 'intensamente deserta'.
Beijos.

Nilson Barcelli disse...

Belo poema, muito bem acompanhado pela foto que escolheste.
Beijo.

Fatyly disse...

Um poema lindissimo e muito tocante e com metáfores verdadeiras, porque por vezes a vida é mesmo "uma praia intensamente deserta".

Beijocas e uma boa noite