quarta-feira, janeiro 21, 2009

Presença Africana



E apesar de tudo,
ainda sou a mesma!
Livre e esguia,
filha eterna de quanta rebeldia
me sagrou.
Mãe-África!
Mãe forte da floresta e do deserto,
ainda sou,
a irmã-mulher
de tudo o que em ti vibra
puro e incerto!...

- A dos coqueiros,
de cabeleiras verdes
e corpos arrojados
sobre o azul...
A do dendém
nascendo dos abraços
das palmeiras...
A do sol bom,
mordendo
o chão das Ingombotas...
A das acácias rubras,
salpicando de sangue as avenidas,
longas e floridas...

Sim!, ainda sou a mesma.
- A do amor transbordando
pelos carregadores do cais
suados e confusos,
pelos bairros imundos e dormentes
(Rua 11...Rua 11...)
pelos negros meninos
de barriga inchada
e olhos fundos...

Sem dores nem alegrias,
de tronco nu e musculoso,
a raça escreve a prumo,
a força destes dias...

E eu revendo ainda
e sempre, nela,
aquela
longa historia inconseqüente...

Terra!
Minha, eternamente...
Terra das acácias,
dos dongos,
dos cólios baloiçando,
mansamente... mansamente!...
Terra!
Ainda sou a mesma!
Ainda sou
a que num canto novo,
pura e livre,
me levanto,
ao aceno do teu Povo!...

Alda Lara

Imagem retirada do Google

4 comentários:

Alien8 disse...

Wind,

Alda Lara revisitada. Há muito, muito tempo que não via nem ouvia o nome da poetisa. Obrigado por mo lembrares.

Beijos.

Paula Raposo disse...

Um poema magnífico!! Adorei! Beijos.

peciscas disse...

Alda Lara, um grande nome da poesia africana e de todo o mundo.

Fatyly disse...

Terra!
Minha, eternamente...
Terra das acácias,
dos dongos,
dos cólios baloiçando,
mansamente... mansamente!...
Terra!
Ainda sou a mesma!
Ainda sou
a que num canto novo,
pura e livre,
me levanto,
ao aceno do teu Povo
..........
e eu, com tantas lágrimas a correr quase que não vejo as teclas, nem as Ingombotas, nem as acácias mas tudo permace VIVO E COLORIDO dentro de mim que até senti o seu cheiro!!!
Obrigado por este momento e foi tão bom reler um dos poemas que mais gosto de Alda Lara.

Beijos e uma Boa noite