segunda-feira, agosto 11, 2008

Acrobatas



Subamos!
Subamos acima
Subamos além, subamos
Acima do além, subamos!
Com a posse fisica dos braços
Inelutavelmente galgaremos
O grande mar de estrelas
Através de milênios de luz.

Subamos!
Como dois atletas
O rosto petrificado
No pálido sorriso do esforço
Subamos acima
Com a posse física dos braços
E os músculos desmesurados
Na calma convulsa da ascensão.

Oh, acima
Mais longe que tudo
Além, mais longe que acima do além!
Como dois acrobatas
Subamos, lentíssimos
Lá onde o infinito
De tão infinito
Nem mais nome tem
Subamos!

Tensos
Pela corda luminosa
Que pende invisível
E cujos nós são astros
Queimando nas mãos
Subamos à tona
Do grande mar de estrelas
Onde dorme a noite
Subamos!

Tu e eu, herméticos
As nádegas duras
A carótida nodosa
Na fibra do pescoço
Os pés agudos em ponta.

Como no espasmo.

E quando
Lá, acima
Além, mais longe que acima do além
Adiante do véu de Betelgeuse
Depois do país de Altair
Sobre o cérebro de Deus

Num último impulso
Libertados do espírito
Despojados da carne
Nós nos possuiremos.

E morreremos
Morreremos alto, imensamente
IMENSAMENTE ALTO

Vinícius de Moraes

Imagem retirada do Google

4 comentários:

Paula Raposo disse...

Sempre espantoso de belo o Grande Poeta!! Adoro Vinícius...

Fatyly disse...

Já li tanto de Vinícius, mas nunca tinha lido este poema e achei-o fabuloso.

Bom diaaaaaaaaaaaa:)**

peciscas disse...

E o Vinicius foi ele, próprio, um exemplo do que escreveu pois
Morrereu alto, imensamente
IMENSAMENTE ALTO

papagueno disse...

Vinícius foi um grande poeta e viveu alto, bem alto.
Beijos