domingo, julho 27, 2008

O tempo, subitamente solto



O tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.

José Luís Peixoto

Foto:Salih Güler

3 comentários:

Fatyly disse...

Gosto tanto de José Luis Peixoto e este pedacinho faz parte do seu livro de poesia - A Criança em Ruinas.

Lindissimo e tocante!

Beijos e um resto de bom domingo

Paula Raposo disse...

Gosto muito do que escreve o José Luís Peixoto. Este poema não foge à regra. Gosto.

papagueno disse...

Gosto muito do JLP.
Bjs