sexta-feira, julho 25, 2008

Linguida



Língua é o que me gluto como engulo
O luto do salário bruto e o hálito acre
Do estômago
Em estado dissoluto
Língua é o que dissolve e absolve
O pensamento em tais e tais
Palavrares do discurso:
Os sais do fruto os ócidos
Que digestam meu pronome em suco
O adverbo que se veste de aditivo
Substrato de meu cérebro: o muco
O cuspe salivário o intransitivo
Verbicovisualmalemaluco
Que às fezes se faz de glote
Epiglote e faringite
Para a fome da estatite
Língua,
Esse necessário árido
Silenciário
Depois do incurso
Quando me sais,
Ó língua, e passeais pelos campos
Gramaticais do lucro

Língua é o que me calo
Língua é o que me fere
Língua é o que me infere
Língua é o que me enguiça
Língua:
Meu pão-com-ovo
Meu caol, meu prato-feito
Meu angu-de-caroço,
Minha cachaça,
Minha lingüiça.

Antonio Barreto

Imagem retirada do Google

3 comentários:

papagueno disse...

está giro :)
Bjks

Fatyly disse...

Acho que tem língua a mais:) Sinceramente não gostei, mi descurpe siôra:)

Um abraço

Paula Raposo disse...

Quase tudo ficou dito sobre a língua...