terça-feira, julho 29, 2008

Estrela da manhã



Eu quero a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã

Ela desapareceu ia nua
Desapareceu com quem?
Procurem por toda a parte

Digam que sou um homem sem orgulho
Um homem que aceita tudo
Que me importa? Eu quero a estrela da manhã

Três dias e três noites
Fui assassino e suicida
Ladrão, pulha, falsário

Virgem mal-sexuada
Atribuladora dos aflitos
Girafa de duas cabeças
Pecai por todos pecai com todos

Pecai com os malandros
Pecai com os sargentos
Pecai com os fuzileiros navais
Pecai de todas as maneiras

Com os gregos e com os troianos
Com o padre e com o sacristão
Com o leproso de Pouso Alto

Depois comigo

Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas
comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerás
Procurem por toda parte
Pura ou degradada até a última baixeza
eu quero a estrela da manhã.

Manuel Bandeira

5 comentários:

Fatyly disse...

Como gosto de ouvir poesia. E este foi um momento lindoooooooooooo, ainda mais com o sotaque maravilhoso! Adorei!

Beijos

peciscas disse...

Os poetas gostam de cantar as estrelas. O Bandeira, a estrela da manhã. O Ary a estrela da tarde...

Mocho Falante disse...

não conhecia...bem suigeniris

beijocas

Paula Raposo disse...

Oiço o video com a voz sobreposta. O poema é belíssimo!! Só podia ser...Manuel Bandeira!

papagueno disse...

delícioso este poema do Manuel Bandeira. beijos