segunda-feira, julho 07, 2008

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Não posso adiar o amor para outro século
Não posso
Ainda que o grito sufoque na garganta
Ainda que o ódio estale e crepite e arda
Sob montanhas cinzentas
E montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
Que é uma arma de dois gumes
Amor e ódio

Não posso adiar
Ainda que a noite pese séculos sobre as costas
E a aurora indecisa demore
Não posso adiar para outro século a minha vida
Nem o meu amor
Nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

António Ramos Rosa

Foto:Grzegorz Szczerbaciuk

3 comentários:

peciscas disse...

Gosto muito deste poema do Ramos Rosa.
Até já o li para o gravador (um dos meis secretos e íntimos devaneios...)
E tem toda a razão: não se pode (nem deve) adiar o coração.

Paula Raposo disse...

SUBLIME!!! Não podemos adiar o coração...pois não! É que é mesmo impossível...

Special K disse...

A vida é demaiado cruta para se adiar o amor.
Um beijo