terça-feira, abril 29, 2008

Soneto a Vera



Na relva iluminada pelos pássaros,
reclinas o teu corpo. Separada
dos dois lados da noite, quando o sol
recolhe ou desenrola as suas velas,
do touro ao meio-dia, e das fases
da lua, e do que muda e se disfarça,
e das grama e das aves que ali pastam,
respiras, te espreguiças, alinhavas

o teu ser contra o céu, enquanto passam
o chuviscar, o abrir do sol, os galgos
do verão e do inverno, as estações

da manga e do caju. E vais, deitada,
como um barco na praia, alheia ao tempo
a se bordar no bastidor da tarde.

Alberto da Costa e Silva

Foto:Niko Guido

5 comentários:

Fatyly disse...

Não esqueci, não esqueço, não esquecerei e senão fosse o 25 de Abril não estaria aqui a saborear toda esta poesia escolhida a dedo.

Parabéns pelo teu bom gosto e um resto de dia muito feliz.

Beijocas

Paula Raposo disse...

É sempre um prazer vir aqui e ler tanta coisa que desconheço. Obrigada. Beijos.

Lola disse...

Wind

Como sempre excelente fotografia e poema.

Beijinhos.

(Tens um selo no meu blog)

papagueno disse...

Belíssimo, outro autor que desconhecia. Parabéns por ajudares a divulgar certos autores menos conhecidos.
Bjks

Pink disse...

Soneto belíssimo e, como sempre, muito bem ilustrado. A foto, é de facto perfeita para o poema!

Um beijo pink :-)