segunda-feira, abril 28, 2008

No jardim em penumbra



Na penumbra em que jaz o jardim silencioso
A tarde triste vai morrendo... desfalece...
Sobre a pedra de um banco um vulto doloroso
Vem sentar-se, isolado, e como que se esquece.

Deve ser um secreto, um delicado gozo
Permanecer assim, na hora em que a noite desce,
Anônimo, na paz do jardim silencioso,
Numa imobilidade extática de prece.

Em lugar tão propício à doçura das almas
Ele vem meditar muitas vezes, sozinho,
No mesmo banco, sob a carícia das palmas.

E uma só vez o vi chorar, um choro brando...
Fiquei a ouvir... Caíra a noite, de mansinho...
Uma voz de menina ao longe ia cantando.

Ribeiro Couto

Foto:Veronica Mariani

6 comentários:

Gi disse...

tens uma fonte inesgotável de poesias e poetas. A quantidade de poemas que tenho conhedico por aqui. Admirável.

um beijinho e boa semana

peciscas disse...

Um belo poema em que transparece toda a serenidade e recolhimento de um entardecer tranquilo.

António disse...

Não conheço o autor mas gostei do soneto.

Beijinhos

Su disse...

tenho um selo para ti lá no xanax.... vai lá ver..........

jocas maradas...sempre

papagueno disse...

Que lindo, não conhecia.
bjks

Pink disse...

Autor que desconheço mas muito apreciei. O soneto deu-me uma sensação de paz apesar da sua tónica triste.

Beijo pink :-)