terça-feira, fevereiro 25, 2014

domingo, fevereiro 23, 2014

sexta-feira, fevereiro 21, 2014

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

segunda-feira, fevereiro 17, 2014

sábado, fevereiro 15, 2014

Foi para ti que criei as rosas.



Foi para ti que criei as rosas.
Foi para ti que lhes dei perfume.
Para ti rasguei ribeiros
e dei ás romãs a cor do lume. 

Eugénio de Andrade


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quinta-feira, fevereiro 13, 2014

Paraíso



Deixa ficar comigo a madrugada, 
para que a luz do Sol me não constranja. 
Numa taça de sombra estilhaçada, 
deita sumo de lua e de laranja. 

Arranja uma pianola, um disco, um posto, 
onde eu ouça o estertor de uma gaivota... 
Crepite, em derredor, o mar de Agosto... 
E o outro cheiro, o teu, à minha volta! 

Depois, podes partir. Só te aconselho 
que acendas, para tudo ser perfeito, 
à cabeceira a luz do teu joelho, 
entre os lençóis o lume do teu peito... 

Podes partir. De nada mais preciso 
para a minha ilusão do Paraíso. 

David Mourão-Ferreira


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terça-feira, fevereiro 11, 2014

De palavra em palavra



De palavra em palavra
a noite sobe
aos ramos mais altos

e canta
o êxtase do dia.  

Eugénio de Andrade


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domingo, fevereiro 09, 2014

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

Arte de amar



Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não. 


Manuel Bandeira

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quarta-feira, fevereiro 05, 2014

Tarde



A tarde trabalhava
sem rumor
no âmbito feliz das suas nuvens,
conjugava
citilações e frémitos,
rimava
as ténues vibrações
do mundo,
quando vi
o poema organizado nas alturas
reflectir-se aqui,
em ritmos, desenhos, estruturas
duma sintaxe que produz
coisas aéreas como o vento e a luz.


Carlos de Oliveira

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segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Há muitos metros entre um animal que voa



Há muitos metros entre um animal que voa
E a escada que desço para me sentar no chão
Mas basta-me um quadrado de sossego
Para a distância absoluta

Está para além do que se vê a janela onde me debruço definitivo
Não é uma aparição
Nem se pode alcançar sem se ir em frente caindo

Só no fim da paisagem estou de pé como um para-quedista que desce
Suspenso como os santos num arroubo místico
Erguido como um anjo em suas asas
E sinto-me ser alto como um astro. Nuvem
Como se fosse um homem
Que levita


Daniel Faria

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sábado, fevereiro 01, 2014

Uma voz na pedra

Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

António Ramos Rosa

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quinta-feira, janeiro 30, 2014

Last blues, to be read Someday


Foi só um flirt
e sabias, claro 
-
alguém foi ferido
há muito tempo.

Mas nada mudou
o tempo passou 
-
um dia chegaste
um dia morrerás.

Alguém morreu
há muito tempo -
alguém que queria
mas não sabia.
 Cesare Pavese
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domingo, janeiro 26, 2014

Parabéns Fatyly

"Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"

Vinicius de Moraes

Aquarela



Isto tudo para ti, minha querida amiga Fatyly, com muitos parabéns:)

sábado, janeiro 25, 2014

A grande Inteligência é sobreviver



A grande Inteligência é sobreviver.
As tartarugas portanto não são teimosas nem lentas, dominam;
SIM, a ciência.
Toda a tecnologia é quase inútil e estúpida,
porque a artesanal tartaruga,
a espontânea TARTARUGA,
permanece sobre a terra mais anos que o homem.
Portanto,
como a grande inteligência é sobreviver,
a tartaruga é Filósofa e Laboratório,
e o Homem que já foi Rei da criação
não passa, afinal, de um crustáceo FALSO,
um lavagante pedante;
um animal de cabeça dura. Ponto. 


Gonçalo M. Tavares

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quinta-feira, janeiro 23, 2014

Computador no lixo



Eis um computador 
no lixo. E todavia 
o crânio de lata teve memória dentro 
– gigabytes dela! –, 
fez as quatro operações, 
aceitou versos 
no seu imaculado 
branco virtual. 

Agora já não soma 
nem subtrai, 
nem geme poemas, nem sublinha 
erros de ortografia. 
Os pingos de solda, precários 
neurónios de metal, 
perderam a memória. 

Já que te antecipaste, 
companheiro, 
diz-me como é não funcionar. 

E se a ferrugem dói.


A. M. Pires Cabral

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terça-feira, janeiro 21, 2014

Da voz das coisas



Só a rajada de vento 
dá o som lírico 
às pás do moinho.

Somente as coisas tocadas 
pelo amor das outras 
têm voz.


 Fiama Hasse Pais Brandão

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domingo, janeiro 19, 2014

Pudesse eu



Pudesse eu não ter laços nem limites
Oh vida de mil faces transbordantes
P'ra poder responder aos Teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes.


Sophia de Mello Breyner Andresen

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