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Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobre veio...
Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós a despimos
assim que estamos sós!
David Mourão-Ferreira
Imagem retirada do Google
5 comentários:
Adoro!
Lindíssimo!
Beijocas e um bom sábado
A ternura escrita por Mourão-Ferreira.
E bem.
Bj
Mais uma excelente escolha poética.
Isabel, querida amiga, tem um bom fim de semana.
Beijo.
E ninguém sonha porque ninguém viveu esse momento único. Meu beijo.
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