segunda-feira, dezembro 01, 2008

Minha grande ternura



Minha grande ternura
Pelos passarinhos mortos;
Pelas pequeninas aranhas.

Minha grande ternura
Pelas mulheres que foram meninas bonitas
E ficaram mulheres feias;
Pelas mulheres que foram desejáveis
E deixaram de o ser.
Pelas mulheres que me amaram
E que eu não pude amar.

Minha grande ternura
Pelos poemas que
Não consegui realizar.

Minha grande ternura
Pelas amadas que
Envelheceram sem maldade.

Minha grande ternura
Pelas gotas de orvalho que
São o único enfeite de um túmulo.

Manuel Bandeira

Foto retirada do Google

3 comentários:

Paula Raposo disse...

Fantástico este poema do Manuel Bandeira. Beijos.

Fatyly disse...

e é de facto um poema todo ele cheio de ternura tal gotas cristalinas e tão sentidas.
Gostei imenso.

Beijos e um Bom Dia

alien aboard disse...

saudações marcianas!

"minha grande ternura" por ti miga e plo teu blog!

hope you're alright