quarta-feira, dezembro 24, 2008

Labirinto ou não foi nada



Talvez houvesse uma flor
aberta na tua mão.
Podia ter sido amor,
e foi apenas traição.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua. . .
Ai de mim, que nem pressinto
a cor dos ombros da Lua!

Talvez houvesse a passagem
de uma estrela no teu rosto.
Era quase uma viagem:
foi apenas um desgosto.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua...
Só o fantasma do instinto
na cinza do céu flutua.

Tens agora a mão fechada;
no rosto, nenhum fulgor.
Não foi nada, não foi nada:
podia ter sido amor.

David Mourão-Ferreira

Imagem retirada do Google

5 comentários:

Alien8 disse...

Wind,

Um dos mais belos poemas de amor ou não-amor de David Mourão-Ferreira.

Um labirinto, que por vezes se resolve no recanto tão bem descrito por Millôr Fernandes, o autor de uma das minhas frases preferidas, já publicada no meu blog:

"Herói é o que não teve tempo de fugir".

Um beijo e um bom Natal.

Paula Raposo disse...

Óptima escolha deste labirinto ou talvez não de um Poeta que eu adoro...muitos beijos.

Fatyly disse...

Todos os labirintos que fazem parte de nós, confundem-nos, magoam-nos mas encontramos sempre uma saída, poderá demorar mas ela aparece...tal rosa numa mão.

Um poema sofrido.

Beijos e uma noite bem passada junto de quem tanto te ama e que te deu o ser. Força

António disse...

Deixo também aqui, neste 24 de Dezembro de 2008, os meus votos de um Feliz Natal.

Beijinhos

Su disse...

passei para desejar.t um feliz natal....mas que seja sempre........todos os dias.......

jocas maradas e natalicias