segunda-feira, setembro 01, 2008

Tão linda e serena e bela



Tão lenta e serena e bela e majestosa
[vai passando a vaca
Que, se fora na manhã dos tempos, de rosas a coroaria
A vaca natural e simples como a primeira canção
A vaca, se cantasse,
Que cantaria?
Nada de óperas, que ela não é dessas, não!
Cantaria o gosto dos arroios bebidos de madrugada,
Tão diferente do gosto de pedra do meio-dia!
Cantaria o cheiro dos trevos machucados.
Ou, quando muito,
A longa, misteriosa vibração dos alambrados...
Mas nada de superaviões, tratores, êmbolos
E outros truques mecânicos.

Mário Quintana

4 comentários:

peciscas disse...

A bela, mansa e pachorrenta vaca, se falasse, quanto nos poderia ensinar...

Fatyly disse...

Fantástico e não conhecia:)

Beijocas

Paula Raposo disse...

Excelente poema à serena e bela vaca!!! Gostei! Beijos.

papagueno disse...

Bela serena e pachorrenta. Esta é particularmente linda com as suas manchas a formar o mapa do mundo.
beijos