sábado, janeiro 29, 2005
Corpo
Que não seja estátua!
Seja às vezes carne
Entre rosa e sangue
Entre forma e fundo.
Saiba ser o fruto
Sem ser só o gomo
Seja vinho novo
Seja apenas sumo.
Seja nevoeiro.
Venha nu, mas venha
Envolto na bruma....
Possa ser mistério...
Seja cais à espera
Seja barco à vela;
Possa ser mar alto
Possa ainda ser espuma.
(Traga o encanto de ser
impossível e longínquo
como um postal colorido
de uma cidade qualquer)
Que para além da imagem
Haja madrugada.
Seja uma viagem
Entre tudo e nada.
Como o álcool puro
Quando se evapora
E risca o futuro
Do lado de fora...
Fernando Tavares Rodrigues
Foto:António Melo
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