sábado, janeiro 15, 2005

Casimiro de Brito




SE EU TE PEDISSE A PAZ, QUE ME DARIAS
PEQUENO INSECTO DA MEMÓRIA DE QUEM SOU
NINHO E ALIMENTO? SE EU TE PEDISSE A
PAZ, A PEDRA DO SILÊNCIO COBRINDO-ME
DE PÓ, A VOZ RUBRA DOS FRUTOS, QUE ME
DARIAS RESPIRAÇÃO PAUSADA DE OUTRO
CORPO SOB O MEU CORPO?
PERDOA-ME POR SER TÃO SÓ, E FALAR-TE
AINDA DO MEU EXÍLIO. PERDOA-ME SE NÃO
TE PEÇO A PAZ. APENAS PERGUNTO: QUE ME
DARIAS SE A PEDISSE?

A SABEDORIA?
UM CAVALO DE OLHOS VERDES?
UM TRONCO DE MADEIRA PARA NELE GRAVAR O TEU NOME JUNTO AO MEU?
OU APENAS UMA FACA DE FOGO, INTRANQUILA, NO CENTRO DO CORAÇÃO?

NADA TE PEÇO, NADA. VISITO, SIMPLESMENTE, O TEU CORPO DE CINZA.
FALO-LHE DE MIM, ENTREGO-TE O MEU DESTINO. E DELE ME LIBERTO SÓ
DE PERGUNTAR: QUE ME DARIAS SE EU TE PEDISSE A PAZ E SOUBESSES
DE COMO A QUERO REVESTIDA POR UMA CROSTA DE SOL EM LIBERDADE?

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