quarta-feira, agosto 24, 2011

“Na casa do Macedo”



Na casa do camarada macedo
as estrelas já não pedem licença
(ganharam à-vontade de entrar);
os gambuzinos expulsaram os sapos da noite,
tomaram uma minúscula colina.
de repente o céu entornou uma estrela
sobre a casa.
a poeira cósmica faz sombra
na casa dele.
hoje mesmo, agorinha, os gambuzinos recuaram
e se recolheram – perto da represa.
fizeram as pazes com os sapos.
um dia, atrás do tempo,
o camarada macedo chegou nesta colina
e cumprimentou um lagarto (dono de uma nocheira);
esse lagarto é que autorizou o camarada macedo
a habitar o local.
nesta casa circulam abelhas mansas,
quissondes inofensivas.
até estrelas.
o camarada macedo ainda agora me disse:
«esse lagarto faz parte da família.»
[o camarada macedo também deve fazer parte da família
do lagarto.]
louvada seja a huíla.

Ondjaki (Angola)

Imagem retirada do Google

1 comentário:

Fatyly disse...

Os gambuzinos são lixados:) palavras da minha terra pela mão deste fabuloso jovem poeta. Não conhecia e soltei um sorriso. Adorei!

Beijocas