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sei de tantos descaminhos
desolhares desistências
sei como é estar sozinho
sem nenhuma indulgência
sem nunca pedir clemência
sei de mim — um ser marinho
perdido a meio caminho
do deserto na iminência
de esquecer o mar — vizinho
de abismo e insolvência
mas não será desse espinho
que hei de morrer— paciência
a tal vil redemoinho
ofereço a impertinência
de quem conhece a ciência
do sobreviver— sem vinho
herói quixote ou moinho
sigo adiante — e de ausência
cinjo-me enquanto escrevinho
meus versos de inexistência
Márcia Maia
Imagem retirada do Google
2 comentários:
Inédito e fabuloso e obrigado pela partilha!
Beijocas e um bom sábado
Leio a Márcia há uns 7 anos, nos seus blogs. Acho que ela vai ter um lugar de destaque na poesia brasileira.
Este poema é um testemunho do enorme talento que ela possui para a poesia.
Beijo, querida amiga.
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