segunda-feira, agosto 31, 2009

A força do hálito



A força do hálito é como o que tem que ser.
E o que tem que ser tem muita força.

Vai (ou vem) um sujeito, abre a boca e eis que a gente,
que no fundo é sempre a mesma,
desmonta a tenda e vai halitar-se para outro lado,
que no fundo é sempre o mesmo.

Sovacos pompeando vinagres e bafios,
não são nada --bah...-- em comparação
com certos hálitos que até parece que sobem do coração.

"Ai onde transpira agora
o bom sovaco de outrora!"

Virilhas colaborando com parentesis ou cedilhas
são autênticas (e sem hálito) maravirilhas.
Quando muito alguns pingos nos refegos, nas braguilhas,
amoniacal bafor que suporta sem dor
aquele que está ao rés de tal teor.

Mas o mau hálito é pior que a palavra
sobretudo se não for da tua lavra.

Da malvada, da cárie ou, meudeus, do infinito,
o mau hálito é sempre, na narina,
como o baudelaireano, desesperado grito
da "charogne" que apodrecer não queria.

Alexandre O'Neill

Cartoon retirado do Google

3 comentários:

Fatyly disse...

Não conhecia e um "mau hálito" bem pesado!

Beijocas

Paula Raposo disse...

Acutilante O'Neill!! Beijos.

Nilson Barcelli disse...

N~sao conhecia... é muito ao estilo O´Neil... ele sabe dizer, sempre.
Nunca me lembraria de escrever um poema à custa do hálito...
Querida amiga, obrigado pela partilha. Boa semana, beijo. Sem hálitos... eheheh...