sábado, agosto 29, 2009

Canto Esponjoso



Bela
esta manhã sem carência de mito,
E mel sorvido sem blasfémia.

Bela
esta manhã ou outra possível,
esta vida ou outra invenção,
sem, na sombra, fantasmas.

Humidade de areia adere ao pé.
Engulo o mar, que me engole.
Valvas, curvos pensamentos, matizes da luz
azul completa
sobre formas constituídas.

Bela
a passagem do corpo, sua fusão
no corpo geral do mundo.
Vontade de cantar. Mas tão absoluta
que me calo, repleto.

Carlos Drummond de Andrade

Foto retirada do Google

3 comentários:

Paula Raposo disse...

Muito belo o poema e muito bela a foto que escolheste!! Beijinhos.

Fatyly disse...

Uma delícia e a foto é espectacular.

Beijocas e um bom dia

peciscas disse...

O espectáculo sempre renovado da Natureza, tem o condão de nos preencher.
E o Carlos Drummond sabe dizer isso exemplarmente.