segunda-feira, setembro 04, 2006

Pretextos para fugir do real



A uma luz perigosa como água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente
onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)
Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços
*
Experimento um grito
Contra o teu silêncio
Experimento um silêncio
Entro e saio
De mãos pálidas nos bolsos.

Alexandre O'Neill

Foto:Gianni Candido

2 comentários:

Belzebu disse...

Excelente escolha!

Alexander O´Neil sabe como ninguém, abordar,com uma sensibilidade única, questões tão essenciais para todos nós!

Saudações infernais!

Anónimo disse...

Bom dia wind,
fantástico este poema!
Um besso bella!
;)