terça-feira, setembro 12, 2006
Paisagens são sempre segredos sobre segredos
O medo pulsa dos corpos embarcados
às vezes se agarra aos cais imóvel
a aguardar ordens submisso
ou se perde numa nuvem incisiva e fatal
Aqui
nas dunas que me sustentam
nesta onda de sol molhado estendido
nada mais importa
nas paisagens assustadas pelos banhistas
apenas a tarde caíndo
os despojos de mais um dia de praia
e a luz amarela a pintar-nos o que ficou das areias.
Para lá da primeira água que nos toca
sempre fria
resta o silêncio da espuma no recuo do mar
e o planáltico brilho do quartzo
onde buscamos por marcas e afundamentos
sensações novas
enquanto a solidão fica derretida no sol
Está mais quente agora a água
tocada por gaivotas famintas que ardem
sinto-o porque sou de mar
sei dos oceanos as poucas palavras
que sobrevivem respirando
de praias não sei quase nada
paisagens são sempre segredos
sobre segredos
pintados ou não
todas as respostas estão aí
nessas estepes que guardam beijos enterrados
por entre a erva que lateja
a inutilidade das palavras.
João Martim
Foto:José Marafona
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2 comentários:
Ola Wind,
apesar de estar atoladíssima de trabalho....vim deixar um jinho grande e continuação de excelente semanita!
;)
Lindíssima foto esta. Mais abaixo, brilhante Lorca! E um beijinho à tua Mãe por aquele texto comovente, mesmo não sendo da minha "equipa" :)
Um beijo para ti, Wind.
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