
Vi o repouso da noite vacilante
e as formas materiais recém-nascidas
sem que alguma voz viesse assinalar
o poço de veludo e os imóveis declives.
Mas um arco vazio vibrava sobre a língua
como um local de vento encerrado entre as
águas.
As mãos respiravam e dedos de perfume
acariciavam as sombras. Ecos, imagens,
reflexos, eram uma só toalha de
murmúrios.
Um rosto puro desenhava-se numa árvore
imperturbável.
De astro em astro a noite amadurecia.
O corpo era um sol negro e um barco
incandescente.
António Ramos Rosa
Imagem daqui
Sem comentários:
Enviar um comentário