terça-feira, outubro 25, 2005

Estou vivo e escrevo sol



Eu escrevo versos ao meio-dia
e a morte ao sol é uma cabeleira
que passa em fios frescos sobre a minha cara de vivo
Estou vivo e escrevo sol
Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita
no acto de escrever e sol
A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objectos atiram suas faces
e na minha língua o sol trepida
Melhor que beber vinho é mais claro
ser no olhar o próprio olhar
a maraviha é este espaço aberto
a rua
um grito
a grande toalha do silêncio verde.

António Ramos Rosa

Foto:Garry Winogrand

1 comentário:

Anónimo disse...

[i]~[b]Estou vivo e escrevo sol, de que vale um ser humano sem a vida? por isso estou vivo e escrevo o sol....
verso inteligente, um desabafo do autor, um desabafo meu...
eu não sou mais que este momento puro!!!!
a coincidência perfeita...
é o que eu também sinto...
antonio no ato de escrever e sol...
eu no ato de praticar a leitura por versos inesplicáveis e sol...
espetacular...