domingo, julho 17, 2005
Vai-te poesia
Vai-te poesia!
Deixa-me ver friamente
a realidade nua
sem ninfas de iludir
ou violinos de lua.
Vai-te, Poesia!
Não transformes o mundo
descarnado e terrível
num céu de esquecer
com mendigos de nuvens
famintos de estrelas
e feridas a cheirarem a cravos
- enquanto os outros, os de carne verdadeira,
uivam em vão
a sua fome de cadeias
e de pão.
Vai-te, Poesia!
Deixa-me ver a vida
exacta e intolerável
neste planeta feito de carne humana a chorar
onde um anjo me arrasta todas as noites para casa pelos cabelos
com bandeiras de lume nos olhos,
para fabricar sonhos
carregados de dinamite de lágrimas.
Vai-te, Poesia!
José Gomes Ferreira
Imagem daqui
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1 comentário:
Vai-te poesia!
Deixa-me ver friamente a realidade nua sem ninfas de iludir ou violinos de lua.
Vai-te, Poesia!
Não transformes o mundo descarnado e terrível num céu de esquecer com mendigos de nuvens famintos de estrelas e feridas a cheirarem a cravos - enquanto os outros, os de carne verdadeira, uivam em vão a sua fome de cadeias e de pão.
Vai-te, Poesia!
Deixa-me ver a vida exacta e intolerável neste planeta feito de carne humana a chorar onde um anjo me arrasta todas as noites para casa pelos cabelos com bandeiras de lume nos olhos, para fabricar sonhos carregados de dinamite de lágrimas.
Vai-te, Poesia!
Não quero cantar,
Quero gritar!
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