segunda-feira, outubro 10, 2011

Glosa à chegada do Outono



O corpo não espera. Não. Por nós
ou pelo amor. Este pousar de mãos,
tão reticente e que interroga a sós
a tépida secura acetinada,
a que palpita por adivinhada
em solitários movimentos vãos;
este pousar em que não estamos nós,
mas uma sede, uma memória, tudo
o que sabemos de tocar desnudo
o corpo que não espera: este pousar
que não conhece, nada vê, nem nada
ousa temer no seu temor agudo...

Tem tanta pressa o corpo! E já passou,
quando um de nós ou quando o amor chegou.

Jorge de Sena

Imagem retirada do Google

3 comentários:

Fatyly disse...

Tu lá descobres estas pérolas, não conhecia e está "cheio de tudo".

Beijocas e um bom dia

mfc disse...

O amor deve ser sempre ansioso!

RSM disse...

Adoro Jorge de Sena!

Obrigado, Wind