quinta-feira, janeiro 21, 2010

Shelley sem anjos e sem pureza



Shelley sem anjos e sem pureza,
aqui estou à tua espera nesta praça,
onde não há pombos mansos mas tristeza
e uma fonte por onde a água já não passa.
Das árvores não te falo pois estão nuas;
das casas não vale a pena porque estão
gastas pelo relógio e pelas luas
e pelos olhos de quem espera em vão.
De mim podia falar-te, mas não sei
que dizer-te desta história de maneira
que te pareça natural a minha voz.
Só sei que passo aqui a tarde inteira
tecendo estes versos e a noite
que te há-de trazer e nos há-de de deixar sós.

Eugénio de Andrade

Imagem retirada do Google

5 comentários:

Paula Raposo disse...

O modo perfeito de usar as palavras! Belo poema!
Beijos.

Fatyly disse...

Eugénio e a sua fantástica abordagem poética a sentimentos que tocam a qualquer um.

Adorei!

Beijocas e um bom dia

Nilson Barcelli disse...

Palavras serenas, mas de grande qualidade poética.
Nem outra coisa poderia ser, já que se trata de EA.
Bela escolha, como sempre.
Um beijo, querida amiga.

Hindy disse...

Sempre belíssimo o Eugénio...

Um beijinho hindyado

Politikus disse...

Mais uma forma de aboradr um poesia...