quarta-feira, setembro 16, 2009

Os cabelos



Os cabelos
embora o vento passe
Já não se agitam leves. O seu sangue,
Gelando, já não tinge a sua face.
Os olhos param sob a fonte aflita.
Já nada nela vive nem se agita,
Os seus pés já não podem formar passos,
Lentamente as entranhas endurecem
E até os gestos gelam nos seus braços.
Mas os
olhos de pedra não esquecem.
Subindo do seu corpo arrefecido,
Lágrimas lentas rolam pela face,
Lentas rolam, embora o tempo passe.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Foto retirada do Google

2 comentários:

Paula Raposo disse...

Escolheste uma foto fantástica! Sem palavras para o poema...obviamente. Beijos.

Fatyly disse...

Uma foto genial para um poema tão comovente e tão real. Não tenho mais palavras!

Beijos e um bom dia!