segunda-feira, setembro 28, 2009

Do que nada se sabe



A lua ignora que é tranquila e clara
E não pode sequer saber que é lua;
A areia, que é a areia. Não há uma
Coisa que saiba que sua forma é rara.
As peças de marfim são tão alheias
Ao abstracto xadrez como essa mão
Que as rege. Talvez o destino humano,
Breve alegria e longas odisseias,
Seja instrumento de Outro. Ignoramos;
Dar-lhe o nome de Deus não nos conforta.
Em vão também o medo, a angústia, a absorta
E truncada oração que iniciamos.
Que arco terá então lançado a seta
Que eu sou? Que cume pode ser a meta?

Jorge Luis Borges

Foto retirada do Google

3 comentários:

Fatyly disse...

Interrogativas pertinentes para uma grande reflexão nes enorme tabuleiro que é o mundo. Gostei!

Beijos e um bom dia

mfc disse...

A eterna indefinição do devir...

Paula Raposo disse...

Sempre fantástico!! Beijinhos.