terça-feira, julho 14, 2009

Árvores



São plátanos palmeiras castanheiros
jacarandás amendoeiras e até as
oliveiras que
quando a noite cai na infância formam uma
cortina escura na estrada frente à casa
árvores apagando os dias que a memória
avidamente esconde

no corpo do seu gémeo Penetra inutilmente
na terra essa raiz do branco plátano
adolescente
e o campo do tempo onde as palmeiras eram
pilares do corpo nu símbolo de
si mesmo, à luz
do dia fixo, já se estende

na húmida manhã dos castanheiros
Esquecimento que tudo enfim possuis
e geras
a ofuscante luz igual à da
memória, do tempo como ela
filho, construtor da ausência,
em vão te invoco Tu

que mudas a roxa amendoeira
em brancas flores do jacarandá
entrega a minha vida às árvores
que foram na manhã e no crepúsculo
no meio-dia e na noite, palavra
clara que traz o dia em si fechado

Gastão Cruz

Foto retirada do Google

4 comentários:

Paula Raposo disse...

Gosto da imagem escolhida e da musicalidade das palavras. Beijos.

peciscas disse...

As árvores povoam de paz, tranquilidade e beleza a nossa existência. Por isso merecem ser cantadas por poetas grandes como o Gastão Cruz.

Fatyly disse...

Grande poeta e subscrevo as palavras do Peciscas!

A foto é lindissima!

Beijos e um bom serão:)

Angela Ladeiro disse...

Adoro jacarandás. Um azul profundo. Tenho alguns num lugar onde me escondo...para meditar. A poesia é tocante e eu gostei. A música linda. Parabéns