sexta-feira, maio 15, 2009

Bolsas de água



Rompeu-se a bolsa.
Ficou meu filho solitário
Sem o aguado travesseiro.

A minha gata, essa,
É ela quem rasga.
Gestos ternos, precisos.
Lambidela sábia.
Cada gatinho desenrolado da capinha ténue,
Um quase nada que os torna vivos.

A minha bolsa rasgou-se.
Água transparente e muco
(ou seria baça, nem recordo)
A bolsa de águas solta,
Sem mimo e sem segredo,
Instantes antes que viesses ao mundo.

Maria de Fátima

Imagem retirada do Google

2 comentários:

Paula Raposo disse...

O nascimento, aquele que não pedimos para nós...beijos, bom fim de semana, Isabel.

Fatyly disse...

Este poema fez-me pensar muito. No reino animal mal nascem as crias, lutam para se erguerem, procurar o calor da mãe e mamar enquanto a mãe lambe para a incentivar.
Nós, animais também...temos um parto doloroso e mal nascemos dependemos de tudo e de todos, quando as nossas capacidades superam as dos outros animais.
Que esquisito!

Adorei o poema!

Beijos e uma boa tarde