domingo, abril 03, 2005
Mudança de estação
Para te manteres vivo-todas as manhãs
Arrumas a casa sacodes tapetes limpas o pó e
O mesmo fazes com a alma-puxas-lhe o brilho
Regas o coração e o grande feto verde-granulado.
Deixas o Verão deslizar de mansinho
Para o cobre luminoso do Outono e
Às primeiras chuvadas recomeças a escrever
Como se em ti fertilizasses uma terra generosa
Cansada de pousio-uma terra
Necessitada de águas de sons de afectos para
Intensificar o esplendor do teu firmamento.
Passa um bando de andorinhas rente à janela
Sobrevoam o rosto que surge do mar-crepúsculo
Donde se soltaram as abelhas incompreensíveis
Da memória.
Luzeiros marinhos sobre a pele-peixes
Que se enforcam com a corda de noctilucos
Estendida nesta mudança de estação.
Al Berto
Foto daqui
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