quarta-feira, março 30, 2005
Em Louvor da Promiscuidade
Quem tem de amor,
físico amor, ideia
que os olhos não possuem qual amor façamos
e que ele não vive do que os outros façam
ante os curiosos olhos com que bebamos
o ritmo das ancas como as formas
enlaçadas por mãos e pernas, sexos e bocas,
de pudicícia desastrada e matrimónica
com prostituta ou esposa. ou vive
de imaginar paixões por um só corpo
que não são mais que tê-lo tido e o hábito
de continuar a tê-lo. amor-amor
é uma outra coisa, mas não isto
nem o prazer que é feito de um prazer alheio
feito só de prazer sem pensamento
- que no promiscuo amor o imaginar
é só imaginar-se o que varia em acto.
Jorge de Sena
Imagem daqui
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