quarta-feira, março 14, 2012

Lua Nova



Desenha-se no céu a lua nova,
Límpida, casta, tenra como um gomo
De um alto, doce e sumarento pomo
Que a gula adeja, violenta e prova.

Vem doutra lua velha, sonolenta,
Com versos gastos, poeirentos, frios;
Vem com seus bicos doutros céus vazios
Onde a seiva cansada não fermenta.

Puro crescente branco da vontade,
Enquanto a noite, horizontal, ressona,
Mais se precisa, mais exibe à tona
A sua genuína mocidade.

Miguel Torga

Imagem retirada do Google

1 comentário:

Fatyly disse...

Um poema que gosto muito! a imagem é fabulosa.

Beijocas