quarta-feira, março 03, 2010

Soneto do café Lamas



No Largo do Machado a pedida era o "Lamas"
Para uma boa média e uma "canoa" torrada
E onde a noite cumpria ir tomar umas Brahmas
E apanhar uma zinha ou entrar numa porrada.

Bebendo, na tenção de putas e madamas
Batidas de limão até de madrugada
Difícil era prever se o epílogo das tramas
Seria algum michê ou alguma garrafada.

E em meio a cafetões concertando tramóias
Estudantes de porre e mulatas bonitas
Sem saber se ir dormir ou ir na Lili das Jóias

Ordenar, a cavalo, um bom filé com fritas
E ao romper da manhã, não tendo mais aonde
Morrer de solidão no reboque de um bonde.

Vinícius de Moraes

Imagem retirada do Google

4 comentários:

Paula Raposo disse...

Óptimo! Não conhecia.
Beijos.

Politikus disse...

Não conhecia. Bom poema. Gosto mais de Super Bock

NavegandoeVagando disse...

Não há ninguém que expresse melhor o prazer e a solidão da boemia como Vinícius de Moraes

Fatyly disse...

Boémia a mais...mas muito interessante este poema que não conhecia.

Beijocas e uma boa noite