sexta-feira, outubro 31, 2008
Poema VI
Te recordo como eras no último outono.
Eras a boina cinza e o coração em calma.
Em teus olhos pelejavam as chamas do crepúsculo.
E as folhas caiam na água de tua alma.
Apegada a meus braços como uma trepadeira,
as folhas recolhiam tua voz lenta e em calma.
Figueira de estupor em que minha sede ardia.
Doce jacinto azul torcido sobre minha alma.
Sinto viajar teus olhos e é distante o outono:
boina cinza, voz de pássaro e coração de casa
fazia onde emigravam meus profundos anseios
e caiam meus beijos alegres como brasas.
Céu desde um navio. Campo desde os cerros.
Tua recordação é de luz, de fumaça, de tanque em calma!
Mais além de teus olhos ardiam os crepúsculos.
Folhas secas de outono giravam em tua alma.
Pablo Neruda
Imagem retirada do Google
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3 comentários:
Nostalgico qb para fazer deste poema um hino.
Gostei sim senhora!
Beijocas e um Bom dia
Fantástico! Adorei o poema e a foto. Muitos beijos.
Que palavras se podem escrever depois de ler este poema que não sejam desnecessárias e inúteis?
Basta sentir e pronto!
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