domingo, outubro 12, 2008

Crepúsculo de Agosto



Dos amigos que perdi
não falo. Sei
que estamos em agosto, mês
dos remos escaldantes, sei
que há lodo sob as algas,
sob a pele. Oblíqua,
sei também, a sombra
cai sobre as oliveiras. É
tempo de içares
tuas velas, teus ergueres
teus guindastes
junto ao rio. Dis
poníveis estão
as luzes; preparadas,
ermas estão as águas.

Preciso de arrumar a casa, rever o sistema, brunir
os móveis e o tato.
Preciso de opor o tempo ao tempo.
O espaço ao espaço.

Albano Martins

Foto retirada do Google

4 comentários:

Paula Raposo disse...

Porque é preciso 'opor o tempo ao tempo'. Belo poema!

Fatyly disse...

Dar espaço ao tempo...

Fantástico:)

Um resto de bom domingo***

Nilson Barcelli disse...

Acho que nunca tinha lido nada do autor.
Mas gostei deste poema.
E tenho saudades de ler poemas teus...
Beijinhos.

Maresia disse...

Não conhecia o autor, mas gostei muito!