Entre os teus lábios
Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
Eugénio de Andrade
Foto:
Janosch Simon
4 comentários:
A perfeita sensualidade neste final de semana, entre foto e poema do Mestre!! Muitos beijos e bom fim de semana para ti.
Um poema bastante bonito:)
Beijocas
Se muita gente que anda por aí a escrever o que supõe serem poemas de amor, deveria ler com atenção estes textos do Eugénio.
Para concluir a diferença que há entre um acumular de lugares-comuns entediantes e um verdadeiro poema.
Lindo, a sensualidade à flor da pele
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