sábado, outubro 04, 2008

Cala-te ...



Cala-te, voz que duvida
e me adormece
a dizer-me que a vida
nunca vale o sonho que se esquece.

Cala-te, voz que assevera
e insinua
que a primavera
a pintar-se de lua
nos telhados,
só é bela
quando se inventa
de olhos fechados
nas noites de chuva e de tormenta.

Cala-te, sedução
desta voz que me diz
que as flores são imaginação
sem raiz.

Cala-te, voz maldita
que me grita
que o sol, a luz e o vento
são apenas o meu pensamento
enlouquecido….

(E sem a minha sombra
o chão tem lá sentido!)

Mas canta tu, voz desesperada
que me excede.
E ilumina o Nada
Com a minha sede.

José Gomes Ferreira

Foto:Elena & Vitaly Vasilieva

4 comentários:

Fatyly disse...

Não dar ouvidos à tormenta de uma voz derrotante.

A foto está fabulosa!

Bom dia********

peciscas disse...

Cá está o meu velho Zé Gomes.
Sempre inquieto, sempre à procura de respostas.
E eu a concordar com essas respostas.

mfc disse...

... da importância do sonho!

Paula Raposo disse...

Fantástico! Existem poemas que me deixam sempre boquiaberta perante a beleza das palavras!