quinta-feira, outubro 16, 2008

Gato



Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pelo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?

Alexandre O'Neill

Foto:Alon Brik

5 comentários:

Paula Raposo disse...

Uma descrição interessante! Gostei. Beijos.

peciscas disse...

Mais servos do que donos.

Gosto de gatos. Não tenho nenhum cá em casa, mas há aí uma bichana de um vizinho que é visita diária dos meus domínios.

Alien8 disse...

Wind,

Este poema devia estar no Blogato lololol!

E o gatinho é uma maravilha.

Os spatos, o Joaquim Pessoa e o Vinícius também. Mas aquele gato... :)

Beijinhos.

Fatyly disse...

Acho que somos mais servos do que donos, porque mesmo vivendo em casa sem irem à rua...são senhores e donos do seu espaço e rituais.

Se pudessem falar teriam muitas histórias para contar:)

Gostei imenso*******

Lola disse...

Wind,

Gatos é comigo.

A fotografia está um espanto.

Acho que nem donos nem servos.

São extraordinários companheiros.

Beijos grandes