quinta-feira, dezembro 25, 2008

Versos de Natal



Espelho, amigo verdadeiro,
Tu reflectes as minhas rugas,
Os meus cabelos brancos,
Os meus olhos míopes e cansados.
Espelho, amigo verdadeiro,
Mestre do realismo exacto e minucioso,
Obrigado, obrigado!

Mas se fosses mágico,
Penetrarias até ao fundo desse homem triste,
Descobririas o menino que sustenta esse homem,
O menino que não quer morrer,
Que não morrerá senão comigo,
O menino que todos os anos na véspera do Natal
Pensa ainda em pôr os seus chinelinhos atrás da porta.

Manuel Bandeira

Imagem retirada do Google

3 comentários:

Paula Raposo disse...

Tão doce poema!! Tão querido. É isso. Que não morra a criança em nós...beijos, Isabel.

Fatyly disse...

e puseste os chinelinhos atrás da porta?

Um poema que é sempre um delicia de ler e reler, porque é uma lição de vida.

Beijocas

Menina Marota disse...

"...Descobririas o menino que sustenta esse homem,
O menino que não quer morrer,
Que não morrerá senão comigo,"

É isso mesmo! Que jamais morra em nós a alma da criança que nós fomos um dia.

Bela escolha!

Beijinhos ;))