domingo, dezembro 21, 2008
Tu que me deste o teu cuidado...
Tu que me deste o teu carinho
E que me deste o teu cuidado,
Acolhe ao peito, como o ninho
Acolhe ao pássaro cansado,
O meu desejo incontentado.
Há longos anos ele arqueja
Em aflitiva escuridão.
Sê compassiva e benfazeja.
Dá-lhe o melhor que ele deseja:
Teu grave e meigo coração.
Sê compassiva. Se algum dia
Te vier do pobre agravo e mágoa,
Atende à sua dor sombria:
Perdoa o mal que desvaria
E traz os olhos rasos de água.
Não te retires ofendida.
Pensa que nesse grito vem
O mal de toda a sua vida:
Ternura inquieta e malferida
Que, antes, não dei nunca a ninguém.
E foi melhor nunca ter dado:
Em te pungido algum espinho,
Cinge-a ao teu peito angustiado.
E sentirás o meu carinho.
E sentirás o meu cuidado.
Manuel Bandeira
Foto retirada do Google
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3 comentários:
Wind,
Um poema que vem mesmo a calhar, e um olhar atento.
Desde já te desejo um óptimo Natal.
E aqui te deixo, com amizade,
Um beijo.
Tão belo poema. Tão doce e terno. Compassivo...muitos beijos. A foto maravilhosa.
Um poema com uma mensagem tão linda e comovente. Faz tanta falta à humanidade este sentido de carinho e cuidado.
Um beijo de carinho e cuidado para que tenhas um resto de bom domingo
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