quarta-feira, dezembro 17, 2008

Sabíamos do mar sem o sabermos



Sabíamos do mar sem o sabermos,
do mar dos mapas, da cor azul do mar,
dos naufrágios no mar,
do sol solto no mar.

Sabíamos do mar sem o sentirmos
nos poros dilatados pelo mar,
o verdejante mar escalando as montanhas
tão bruscas como o sal.

Sabíamos do mar em sinuosos sinos
assinalando a noite
com corações arrepiados,
abertos como mãos
sulcadas de cabelos e molhadas
de rugas e escamas.

Sabíamos do mar em signos, símbolos,
tropos e metáforas.
Sabíamos do mar?
Sabíamos o mar.
Sabíamos a mar

António Rebordão Navarro

Imagem retirada do Google

4 comentários:

Paula Raposo disse...

Lindíssimo!! 'Sabíamos a mar'...sim. Muitos beijos.

Fatyly disse...

Gosto deste poeta e a sua enorme sensibilidade e simplicidade no que escreve.
Um poema tão cheio e a foto do meu amigo e confidente mar!!

Beijocas e um resto de dia bem passado

peciscas disse...

Belo poema do António que conheci há muitos anos em andanças culturais e não só.

alien aboard disse...

xabemos do amor sem o sabermos sabíamos do amor amando mas só demos por ele kuando o perdemos :(

plo menos o mar exe tá smpr lá...

jokax salgadas desta alien without a fucking clue lol