quinta-feira, dezembro 18, 2008
Conclusões de Aninha
Estavam ali parados. Marido e mulher.
Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça
tímida, humilde, sofrida.
Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho,
e tudo que tinha dentro.
Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar
novo rancho e comprar suas pobrezinhas.
O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula,
entregou sem palavra.
A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou,
se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar
E não abriu a bolsa.
Qual dos dois ajudou mais?
Donde se infere que o homem ajuda sem participar
e a mulher participa sem ajudar.
Da mesma forma aquela sentença:
"A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar."
Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada,
o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso
e ensinar a paciência do pescador.
Você faria isso, Leitor?
Antes que tudo isso se fizesse
o desvalido não morreria de fome?
Conclusão:
Na prática, a teoria é outra.
Cora Coralina
Foto retirada do Google
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5 comentários:
Wind,
Tu, realmente, vais buscar autores notáveis, muitos deles um tanto (injustamente) esquecidos!
Excelente conjunto de posts. As imagens, belas, como é habitual.
Beijinhos.
Ou vice versa...na teoria a prática é outra. Beijos.
Bom ver um texto de Cora Coralina aqui. Sempre gostei muito desta simpativa velhinha, só reconhecida como escritora já em idade avançada. Cora foi muito admirada ( e mimada) por Carlos Drummond de Andrade.Ele dizia a quem quisesse ouvir que adorava os textos de Cora Coralina.
Wind,
Desejo a você e a seus entes queridos um FELIZ NATAL e um ótimo 2009.
Wind,
Eu acho que ajuda tudo o que nós tivermos para dar.
A generosidade não conhece limites.
Beijos grandes
Gosto muito de Cora Coralina e este poema está fantástico!
Mas a observação de Paula Raposo é pertinente e bem oportuna.
Gostei muito...mas detesto "pescar":)
Beijos
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