sexta-feira, dezembro 12, 2008
Os astros nascem
Os astros nascem,
Crescem e morrem
Sem aflição,
Por isso correm
Sem que perguntem
Pra onde vão.
O fácil espaço
Foi-lhes materno
Ventre fecundo;
Nasci num quarto,
Nasci dum parto
E foi magoando
Que vim ao mundo.
Nasci rasgando
Quem me sonhava
Antes que mesmo
Me concebesse;
Não sei dum astro,
Tão impiedoso,
Que ao espaço agravos
Tamanhos desse!
Nasci rompendo
Quem me continha
No grácil ventre
Desfigurado,
Como um sacrário
Vaso sagrado!
Mãos impacientes
De me tocarem
Logo estendia
Quem eu magoava
E ensanguentava
Quando nascia!
Nascença de astros
Não tem valor:
Que o fácil espaço
Pare-os sem dor.
Reinaldo Ferreira
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6 comentários:
Wind,
Ainda e sempre Reinaldo Ferreira, esse quase desconhecido...
Um beijo.
Pois é. Um poema bem cru. Beijos.
Contra factos não há argumentos e Reinaldo diz com toda a sua sabedoria.
Não conhecia este poema e gostei muito!
Beijocas e um bom dia:)
Excelente!
estou sem net, estou a escrever de casa do meu tio.
bom fim de semana
Olá Wind
Em relação a este seu post, duvido que Mia Couto precise do crédito pelas minhas pobres palavras, originalmente postadas aqui, retomadas aqui com algumas variações para um concurso e novamente postadas, ainda com outra forma, aqui. De Mia Couto é apenas a epígrafe que encima o post.
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