quinta-feira, setembro 25, 2008
O insecto
Das tuas ancas aos teus pés
quero fazer uma longa viagem.
Sou mais pequeno que um insecto.
Percorro estas colinas,
são da cor da aveia,
têm trilhos estreitos
que só eu conheço,
centimetros queimados,
pálidas perspectivas.
Há aqui um monte.
Nunca dele sairei.
Oh que musgo gigante!
E uma cratera, uma rosa
de fogo humedecido!
Pelas tuas pernas desço
tecendo uma espiral
ou adormecendo na viagem
e alcanço os teus joelhos
duma dureza redonda
como os ásperos cumes
dum claro continente.
Para teus pés resvalo
para as oito aberturas
dos teus dedos agudos,
lentos, peninsulares,
e deles para o vazio
do lençol branco
caio, procurando cego
e faminto teu contorno
de vaso escaldante!
Pablo Neruda
Imagem retirada do Google
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7 comentários:
Wind,
Mais uma série de muito bom gosto (e bom senso:), da qual nada destaco, porque de tudo gostei. Viva a poesia!
Um beijo.
Adoro este poema de Pablo Neruda. Sensualíssimo de tão belo! Beijos.
É sempre um prazer imenso ler o que lêem.
De facto é bastante sensual, mas sempre que o leio penso:
eu dava cabo do insecto, acordar-me é?????? ai, ai:):):)
A imagem está fabulosa
É tão linda a sua escrita, que torna ainda mais arrepiante a tragédia da sua morte.
Eis, em todo o seu esplender, a sensualidade profundamente bela de muitos dos textos do Neruda.
Uma linda imagem para um dos meus poemas preferidos do Neruda.
Beijos
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