sexta-feira, setembro 05, 2008
Bucólica e Não
Há sempre poetas para fazer versos à terra,
às plantas, animais, num cheiro de bucólico,
mistura de verduras podres, resinas escorrendo,
flores perfumadas, terra humedecida, e o adocicado
e acre também estrume: é sexo o que cheiram?
Amor o que respiram? As ervas que no vento
se abaixam e se entesam, e o arvoredo erecto,
de ramos balançando mas retesos,
é de si mesmos sem baixar os olhos
ao longo do seu corpo e sem tocar-se
com as mãos- que lhes recordam?
E aqueles nós peludos de musgentos
em troncos. Ou no chão buracos de formigas,
e de si mesmos, fêmeas, que lhes lembram?
É orvalho em flores ou folhas ou nos troncos,
rios e regatos murmurantes- que serão?
Acaso podem ser opacos e leitosos,
Jorrando intermitentes num agudo jacto?
que terra o amor mostra que não seja
o amor que não se abriu ou não saltou,
o amor que não foi feito ou não se deu?
Jorge de Sena
Foto:Razaq Vance
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3 comentários:
Não conhecia o poema ...
é bem lindo.
beijinhos e bom fim de semana
Boa crítica de Jorge de Sena! Nem seria de esperar melhor vindo do Poeta!! Beijos. Bom fim de semana.
Este poeta tem obras muito "empacotadas" e para mim este poema é exemplo disso, e sinceramente não gostei:(
Beijocas e um bom dia:)
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