terça-feira, setembro 16, 2008

Boca



Boca
livre trânsito
de vocábulos e aves
fruições e frutos.
Boca
sede de gozo e poder
pombos lhe pousam
entre os dentes ávidos
pêssegos se imolam
cindindo-lhe os lábios.
Boca
sítio de martírio
se a contragosto
de fome se fecha
ou em pânico se cala
atrás de uma mordaça.

Astrid Cabral

Foto retirada do Google

4 comentários:

peciscas disse...

Viver com a boca amordaçada é horrível. Assim vivemos nós neste país durante muitos anos.
Demasiados anos.
E parece que as mordaças, pouco a pouco, querem regressar.

Paula Raposo disse...

Boca!! Tão importante. Para nunca se fechar. Nunca calar.

Fatyly disse...

Jamais aceitar de novo uma mordaça!
Já li alguma coisa desta poetisa brasileira e por vezes sinto um bocado de Florbela Espanca, uma tristeza onde o sol nunca aparece. Não sei...

Beijocas

mfc disse...

... onde as palavras, por vezes, não são precisas!